A água do lago estava tão limpa que refletia as imagens da floresta como um espelho. Todos os animais que foram beber água viram seus reflexos. O urso e seu filhote pararam admirados, mas foram embora. E assim passou pelo lago uma porção de animais. Até que chegou um bando de alces que se espalhou pelas margens. Um deles abaixou a cabeça para beber e parou, olhando para os seus chifres: - Que lindo par de galhos! Que maravilhosa é a minha imagem com esta bonita cabeça! De repente, olhou para as suas pernas, compridas e finas, e ficou triste: - Mas que pernas horrorosas! Nunca tinha reparado na feiura das minhas pernas. Elas estragam a minha beleza. Enquanto olhava para o seu corpo, uma alcateia de lobos ferozes foi chegando e espalhou o bando, que correu assustado. O alce correu para a mata e perdeu-se do bando. No caminho, prendeu o chifre numa árvore e quase foi devorado pelo lobo. Mas suas pernas eram mais fortes e ligeiras do que as do lobo, que, cansado, desistiu de caçar o alce. “Que susto!”, pensou o alce, já fora de perigo. “Por causa desses chifres inúteis, quase percorro a minha vida. Se não fossem as minhas pernas...” Moral: Nem sempre a beleza resolve os problemas.
Jean de La Fontaine. O alce e os lobos. Adaptação de M. Carneiro. São Paulo: Melhoramentos, 1988.