Pedro Pereira Pedrosa tinha uma habilidade rara: imitar na perfeição a voz dos animais. [...]
Tudo reproduzia ele de modo a enganar os ouvintes.
– É tal e qual! Diziam estes, maravilhados.
Um dia, porém, surge na cidade um homem que se prontifica a derrotar o imitador.
– Imitemos em público a voz do leitão [...].
Chega o dia. Enche-se de curiosos o teatro. Pedro aparece, confiante na vitória, e coincha como leitão novo de modo a entusiasmar o público. Mal termina, rompem os aplausos, numa trovoada de palmas e vivas.
– O outro agora! O outro! [...]
Aparece o outro, embrulhado num capotão. Prepara-se, remexe-se e, de repente:
– Coin! coin! coin! ...
Vaia estrondosa.
– Fora! Fora! Pedro ganhou! Pedro imita melhor! Fora!...
O sujeito abre o capote, suspende pelas orelhas um leitãozinho que trazia escondido e retruca:
– Vaiem, senhores, vaiem o verdadeiro autor dos coinchos, pois foi este porquinho que berrou, e não eu...
Os expectadores entreolharam-se, encafifadíssimos¹.
Mais vale cair em graça do que ser engraçado.
Nesse texto, o desfecho da narrativa ocorre quando
A) a plateia aplaude Pedro.
B) a plateia vaia o homem.
C) o homem revela o porquinho para a plateia.
D) o homem se prontifica a derrotar Pedro.
